segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Tráfico de animais: mais bichos recuperados (O DIA)

Rio - Polícia Federal registra aumento no número de espécimes silvestres recuperados, que seriam vendidos ilegalmente. Ibama relata condições precárias do cativeiro O Brasil é dono da maior diversidade de aves do planeta: são 1,8 mil espécies, que representam cerca de 20% das existentes em todo o mundo. Até dezembro, além de orgulho, esse número traz uma preocupação: é a temporada na qual o tráfico de animais silvestres é maior, principalmente entre as aves. O número de animais recuperados tem crescido. Só este ano, a Polícia Federal aprendeu aproximadamente 14 mil animais que seriam traficados, a esmagadora maioria, aves. Em 2007, foram só 500. O número deste ano se soma a parte dos entre 30 mil e 35 mil bichos apreendidos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) — o órgão não informou o percentual dessa quantidade que seria traficado e qual dele se refere a espécies mantidos de forma irregular em propriedades ou zoológicos ao redor do país. Não é a toa que o fim do ano é a época em que o tráfico de animais dispara. Trata-se do período reprodutivo de muitas aves que só podem ser capturadas no ninho. Especialistas da Polícia Federal e do Ibama dividem o comprador de animais silvestres em dois grupos: o que cria os bichos no “cativeiro doméstico”; e o colecionador de animais, vivos ou mortos. No Brasil, animais são capturados geralmente nas regiões do Centro e Norte do país, e vendidos no Sul e no Sudeste — o Rio de Janeiro é um dos estados de destino. “Os pontos de venda são a beira de estada, que vem diminuindo, e feiras, até em grandes cidades. Há também a venda por encomenda”, diz a chefe do núcleo de fiscalização de fauna do Ibama, Raquel Sabaini. Ela relata que já houve casos de criadores registrados no Ibama que usaram esse status para vender animais sem autorização, para terceiros, por até R$ 15 mil. Raquel afirma que, em geral, os animais são transportados em condições muito precárias e geralmente muitos morrem no caminho. “A Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres calcula que nove em cada 10 animais morram no transporte”. Segundo ela, os animais apreendidos passaram longos períodos sem alimento e água, transportados em espaços muito pequenos. “A mortalidade é maior entre os filhotes, que precisam de alimentação às vezes de duas em duas horas”, diz Raquel. Apreensões refletem mais rigor na fiscalização contra comércio ilegal Na avaliação de técnicos do Ibama, o aumento do número de apreensões cresce não reflete aumento do tráfico de animais, mas a ação mais efetiva das instituições responsáveis pela fiscalização, como a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal. Em entrevista à rede BBC na semana passada, agentes da Polícia Federal contaram que um filhote de papagaio-verdadeiro é vendido aos traficantes, por sitiantes e trabalhadores rurais por R$ 30. A ave é então revendida ilegalmente pelos criminosos a R$ 150 em feiras do Sudeste. O filhote pode receber uma anilha falsa e ser vendido por até R$ 1 mil — como se sua origem fosse um criadouro legal. Além das aves, são vítimas do comércio ilegal animais como cobras, peixes ornamentais, macacos em risco de extinção e até anfíbios. Há casos até de alguns deles usados em pesquisas científicas por indústrias farmacêuticas, sem a devida autorização.

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